A Estação Antártica Comandante Ferraz, base de pesquisas da Marinha do Brasil na Antártida, está com sua construção concluída após três anos de obras no continente mais extremo do planeta. Trata-se de uma obra de arte da Arquitetura e Engenharia, com estruturas de aço de 700 toneladas, formato aerodinâmico para resistir aos ventos de até 200 km/h e base de palafitas para impedir que a neve acumulada no inverno chegue até o prédio.
Esse projeto começou em 2012, quando a estação anterior foi destruída em um incêndio e a Marinha convocou o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) para promover um Concurso Público de Arquitetura para uma nova base brasileira na Antártida. Venceu a proposta apresentada pelo escritório Estúdio 41, de Curitiba, e assinada pelos arquitetos e urbanistas Fábio Henrique Faria, Emerson Jose Vidigal, Eron Costin, João Gabriel de Moura Rosa Cordeiro e Dario Correa Durce.
Misto de alojamento e dormitório, a Estação Antártica conta com infraestrutura própria de energia, água, esgoto e telecomunicações, abrigando 18 laboratórios no edifício principal, sete unidades isoladas, um heliporto e torres de energia eólica. Para os arquitetos, o maior desafio foi pensar o edifício como se fosse uma vestimenta, um artefato que protege e conforta do frio extremo. Um problema de desempenho tecnológico, mas que levar a estética em consideração.
Essa obra possui importância estratégica e simbólica para a Arquitetura do Brasil por diversos motivos. Primeiro, foi um dos projetos que conseguiu mostrar a sociedade as vantagens na realização de Concursos Públicos de Arquitetura para a escolha de obras públicas. Em 2013, eram ainda raras iniciativas desse tipo, mas foram crescendo ao logo dos anos.
Outro destaque do projeto foi a utilização da tecnologia de Modelagem da Informação da Construção (BIM, na sigla em inglês) na elaboração do projeto completo, em parceria com a equipe do escritório português Afaconsult, do engenheiro civil Rui Furtado. Segundo Emerson, o BIM serviu como ferramenta de ligação entre os arquitetos e os engenheiros do projeto, conciliando diferentes visões técnicas sobre um mesmo objeto.
Existe ainda a questão da projeção internacional do Brasil e a transferência de tecnologia, uma vez que a construção ficou a cargo de uma empresa chinesa, a China National Electronics Imports and Exports Corporation (Ceiec), ao custo de R$ 370 milhões. Engenheiros da empresa Afaconsult passaram quase um ano na China supervisionando os preparativos, que incluíam produção e pré-montagem das estruturas.
Via CAU/BR